Levante-se e se mecha. Isso pode deixá-lo mais feliz.

Quando as pessoas se levantam e se movem, mesmo que só um pouco, elas tendem a ficar mais felizes do que quando estão paradas, é o que diz um novo e interessante estudo que usou dados de telefone celular para rastrear atividades físicas e humores.

Já há evidências consideráveis ​​de que a atividade física está ligada à saúde psicológica. Estudos epidemiológicos descobriram, por exemplo, que as pessoas que se exercitam ou estão ativas normalmente são menos propensas à depressão e à ansiedade do que pessoas sedentárias.

Mas muitos desses estudos focavam apenas nos estados de ânimo negativos e muitas vezes também dependiam das pessoas se lembrarem como se sentiram e quanto se movimentaram ou se sentaram na semana ou mês anterior, com poucos dados objetivos para apoiar essas lembranças.

Nesse novo estudo, que foi publicado no PLoS One, pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, decidiram tentar uma abordagem diferente. Eles iriam pesquisar as correlações entre movimento e felicidade, a mais positivas das emoções. Além disso, eles analisariam o que as pessoas relataram sobre sua atividade e compará-lo com medidas objetivas de movimento.

Para atingir esses objetivos, eles primeiro desenvolveram um aplicativo especial para telefones Android. Disponível gratuitamente na loja de aplicativos do Google e, em última análise, baixado por mais de 10.000 homens e mulheres. Ele foi anunciado como um aplicativo cujo objetivo era ajudar as pessoas a entender como escolhas de estilo de vida, como atividade física, podem afetar o humor delas. (O aplicativo, que não está mais disponível para download, abria com um formulário de permissão explicando às pessoas que os dados inseridos seriam usados ​​para pesquisas acadêmicas).

O aplicativo enviava aleatoriamente solicitações para as pessoas ao longo do dia, pedindo-lhes para inserir uma estimativa de seu humor atual, respondendo a perguntas e também usando grades em que eles iriam colocar um ponto mostrando se elas se sentiam mais estressadas ou relaxadas, deprimidas ou animadas e aí por diante. Periodicamente, as pessoas também foram convidadas a avaliar sua satisfação com a vida em geral.

Depois de algumas semanas, quando as pessoas já estavam confortáveis ​​com o aplicativo, elas começaram a responder perguntas adicionais sobre se nos últimos 15 minutos elas estavam sentadas, em pé, andando, correndo, deitadas ou fazendo outra coisa. E também eram questionadas sobre o seu humor naquele momento.

Ao mesmo tempo, durante os 17 meses do estudo, o aplicativo reuniu dados do monitor de atividade que existe em quase todos os smartphones hoje. Em essência, ele verificava se a lembrança de alguém do quanto ele ou ela estava se movendo no último quarto de hora correspondia aos números do monitor de atividade.

Em geral, as informações fornecidas pelos usuários e os dados dos monitores de atividade eram quase exatamente os mesmos.

As pessoas que usavam o aplicativo acabaram se sentindo mais felizes quando estavam se movendo no último quarto de hora do que quando estavam sentadas ou deitadas, embora na maioria das vezes não estivessem envolvidas em atividades rigorosas.

Na verdade, a maior parte das atividades físicas que as pessoas relataram foram uma caminhada suave, com pouca corrida, ciclismo ou outro exercício mais extenuante.

Mas o vínculo entre se mover, de qualquer maneira, e se sentir feliz foram consistentes para a maioria das pessoas ao longo do dia, de acordo com os dados de seus aplicativos. Também não importava se era um dia de trabalho ou fim de semana.

Os pesquisadores também descobriram que as pessoas que se moviam com mais frequência tinham a tendência a relatar maior satisfação com a vida do que aqueles que relataram passar a maior parte do seu tempo em uma cadeira.

Em geral, os resultados sugerem que “as pessoas que são geralmente mais ativas geralmente são mais felizes e, nos momentos em que as pessoas são mais ativas, elas são mais felizes”, diz Gillian Sandstrom, coautora do estudo e pós-doutoranda em Cambridge e que é agora uma palestrante de psicologia na Universidade de Essex.

Em outras palavras, movimento e felicidade estavam intimamente ligados, tanto a curto quanto a longo prazo.

É claro que esse tipo de estudo não estabelece a causalidade. Não pode nos dizer se ser mais ativo realmente nos faz ficar mais felizes ou, inversamente, se ser feliz nos faz mover mais. Ele só mostra que mais atividade anda de mãos dadas com maior felicidade.

O estudo também é limitado pela sua dependência de dados de telefone celular, diz Sandstrom, porque pode não ter capturado informações sobre o exercício físico propriamente dito. As pessoas muitas vezes não carregam seus telefones quando elas correm, andam de bicicleta ou participam de outros tipos de atividade física mais vigorosa. Então, esses tipos de exercícios não seriam refletidos no aplicativo ou no monitor de atividade dos telefones, tornando impossível saber, a partir deste conjunto de dados, se o exercício físico mais intenso está ligado à felicidade, para melhor ou pior.

Ainda assim, o tamanho do grupo do estudo e a consistência dos achados são convincentes, diz Sandstrom. Eles indicam que se você se levantar e se mover com freqüência, você tem mais chances de se sentir alegre do que se você fica parado.