Mecanismos de Defesa: Racionalização

Sigmund Freud percebeu que nós temos uma série de mecanismos de defesa e mais tarde, sua filha, Anna Freud, desenvolveu e elaborou melhor tais ideias.

De acordo com Freud, a vida não é nada fácil. O nosso ego situa-se no meio de forças muito poderosas: realidade e sociedade (representadas pelo superego) e a biologia (representada pelo Id). Quando tais forças fazem demandas conflitantes do nosso pobre ego, é comum nos sentirmos ameaçados, oprimidos, ou sobrecarregados pela pressão. Isso é um sinal de ansiedade e serve como um indício para o nosso ego de que a sobrevivência do organismo está sob ameaça.

Para lidar com este conflito e com os problemas da vida empreendemos uma série de mecanismos de defesa que operam de forma inconsciente e involuntária e nos ajudam a lidar com sentimentos desagradáveis (como ansiedade) fazendo com que possamos nos sentir melhor com nós mesmos. Os mecanismos de defesa do ego são naturais e normais, mas quando atingem uma proporção exagerada, desenvolvem-se neuroses como transtornos de ansiedade, fobias e obsessões.

 

Racionalização:

Na psicologia, a racionalização é um mecanismo de defesa que ocorre quando comportamentos ou sentimentos controversos são justificados ou explicados de uma forma aparentemente racional ou lógica, de maneira a evitar a verdadeira explicação. Dessa forma, tais comportamentos ou sentimentos tornam-se algo conscientemente tolerável, admirável ou até superior.

Ou seja, a racionalização é a distorção cognitiva dos “fatos” de forma a tornar uma ação ou impulso menos ameaçador do que de fato é. Nós frequentemente fazemos isso de maneira consciente quando tentamos justificar as nossas atitudes. Mas para algumas pessoas, com egos mais sensíveis, inventar justificativas é algo que ocorre com tanta facilidade, que elas nem percebem mais que estão fazendo isso. Em outras palavras, muitos de nós somos propensos a acreditar nas nossas próprias mentiras.

A racionalização ocorre em duas etapas:

  1. Uma decisão, ação ou julgamento ocorre.
  2. Uma racionalização ocorre, através da construção de uma razão aparentemente boa ou lógica, na tentativa de justificar (para si mesmo ou para outros) o ato depois dele ter acontecido.

 

Exemplos de racionalização

Individual:

  • A racionalização pode ser utilizada para evitar desapontamento: “Eu não consegui aquela vaga de emprego, mas, na verdade, eu nem queria muito esse emprego”.
  • Algumas racionalizações são feitas através da comparação. Normalmente isso é feito de forma a diminuir os efeitos negativos de uma ação, para justificá-la ou fugir da culpa: “Pelo menos [o que aconteceu] não é tão ruim quanto [uma ação pior ainda]”.
  • Racionalizações também ocorrem em respostas a acusações: “Ao menos eu não fiz [uma ação pior do que a que eu estou sendo acusado de fazer]”.

Coletivas:

  • Racionalizações coletivas são frequentemente construídas para justificar atos de agressão, com base na exaltação do grupo e demonização do grupo oposto: “Nós batemos nele porque, ao contrário de nós, ele acredita em X”.