Por que fazer múltiplas tarefas ao mesmo tempo pode ser ruim para você?

Você já deve ter lido algum artigo sobre como o seu desempenho cai enquanto você realiza múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Se você não leu, aqui está um brevíssimo resumo: sua performance sofre e sofre bastante. Existem centenas de estudos desde a década de 1980 que demonstram isso.

Por exemplo, Harold Pashler demonstrou que quando você faz duas tarefas cognitivas ao mesmo tempo, a sua capacidade cognitiva pode diminuir da de um adulto com MBA em Harvard para a de uma criança de 8 anos de idade. Sendo assim, não é nenhuma surpresa que você trabalhe melhor quando se concentra em apenas uma coisa de cada vez, sem nenhuma distração.

No entanto, pesquisas mais recentes apontam para descobertas ainda mais graves. De acordo com pesquisas da Universidade de Stanford, pessoas que passam longos períodos de tempo realizando múltiplas tarefas podem perder a capacidade de prestar atenção, controlar a memória ou mudar de um trabalho para outro.

Ainda mais relevante é que os participantes da pesquisa eram “pessoas que usam regularmente vários tipos de informações eletrônicas simultaneamente”. E a maior ironia aqui é que se você continua a realizar múltiplas tarefa ao longo do tempo, você acaba perdendo a capacidade de realizá-las de forma eficiente!

O estudo

Cem estudantes foram divididos em dois grupos: O grupo 1 consistia de pessoas que realizavam múltiplas tarefas regularmente e o grupo 2 consistia de pessoas que não costumavam lidar com multitarefas regularmente.

Experimento 1: lidando com distrações

No primeiro experimento, os pesquisadores mostraram aos dois grupos dois retângulos vermelhos isolados e depois mostraram dois retângulos vermelhos rodeados por diferentes quantidades de retângulos azuis. Cada configuração foi mostrada duas vezes, e depois, os alunos tiveram que descobrir se os dois retângulos vermelhos haviam mudado de posição do primeiro quadro para o segundo.

Os resultados foram que os indivíduos do grupo 2 (que não realizavam multitarefas) obtiveram bons resultados (eles foram capazes de ignorar os retângulos azuis circundantes e identificar uma mudança na posição dos retângulos vermelhos). Já os sujeitos do grupo 1 não foram tão bem. Eles não conseguiam ignorar a distração dos retângulos azuis circundantes, embora tivessem sido instruídos a fazer isso.

Experimento 2: Controle de Memória

O próximo experimento foi um simples teste de memória envolvendo uma sequência de letras alfabéticas. A tarefa principal era ver se eles conseguiam lembrar se uma letra aparecia mais de uma vez na sequência. Mais uma vez, os resultados do grupo 1 foram piores do que os do grupo 2.

Experimento 3: Alternando entre Tarefas (a verdadeira habilidade de realizar multitarefas!)

Para testar se as pessoas que tinham o hábito de realizar múltiplas tarefas eram realmente bons em alternar de uma tarefa para outra, os alunos receberam fotos de números e letras ao mesmo tempo e foram informados em qual delas eles deveriam se concentrar. Se lhes dissessem para prestar atenção nas letras, eles tinham que dizer se as letras que apareciam eram vogais ou consoantes. Se lhes dissessem para se concentrar nos números, eles tinham que identificar se o número era par ou ímpar.

Novamente, os indivíduos acostumados a realizar múltiplas tarefas falharam em comparação com os que não tinham esse hábito. O que é uma ironia dolorosa, já que o teste tinha como objetivo medir a capacidade dos indivíduos de realizar múltiplas tarefas e demonstrou que o preço cognitivo que se paga por esse hábito é muito caro.

Causa-Efeito?

Não sabemos com certeza se estes resultados das pesquisas são uma correlação ou uma causalidade. Os resultados sugerem que as pessoas acostumadas a lidar com multitarefas acabam se distraindo mais facilmente pelos vários estímulos apresentados, ou, alternativamente, que aqueles que com menor frequência realizam múltiplas tarefas têm uma maior capacidade de voluntariamente direcionar a atenção para a tarefa em questão, mesmo diante a possíveis distrações. Sendo assim, isto pode ser considerado uma diferença de orientação ao invés de um déficit.

Enquanto isso, cabe a cada um usar o seu autoconhecimento e avaliar se acha que consegue lidar com múltiplas tarefas sem prejudicar o desempenho ou se é melhor evitar distrações extras e se concentrar em uma coisa de cada vez.

O site do The New York Times tem um teste que replica os experimentos mencionados acima. Faça e conte para a gente quais foram os seus resultados! Clique aqui!