Pessoas ocupadas são pessoas felizes

Muitos de nós nos sentimos mais ocupados do que nunca, fazendo múltiplas tarefas nos nossos telefones e computadores enquanto nos dividimos entre casa, trabalho, amigos e descanso – para depois fazer tudo de novo no dia seguinte. Quem não almeja por dias ociosos em uma praia tropical?

Bem, antes de reservar o seu bilhete para o paraíso, saiba de uma coisa: um novo estudo sugere que as pessoas que se mantêm ocupadas são mais propensas a ser felizes do que aquelas que permanecem ociosas.

No estudo, publicado na revista Psychological Science, os pesquisadores pediram aos estudantes universitários que respondessem diversos questionários sobre sua escola. Depois de completarem a primeira etapa, os estudantes poderiam entregá-la na sala logo ao lado de onde estavam e esperar ociosamente até que a próxima etapa fosse administrada, ou poderiam se manter ocupados e entrega-la em um local a cerca de 15 minutos de onde estavam. De qualquer forma, foi-lhes dito que receberiam uma barra de chocolate quando entregassem a pesquisa.

Talvez não seja de se surpreender que mais estudantes escolheram a localização mais próxima. No entanto, os alunos que decidiram se ocupar caminhando até a localização mais distante relataram ter se sentido mais felizes do que os estudantes que permaneceram ociosos.

Além disso, quando os pesquisadores ofereceram barras de doces diferentes nos dois locais – chocolate ao leite em um, chocolate amargo em outro – eles descobriram que mais pessoas escolheram o destino mais distante, apesar de testes anteriores determinarem que os dois doces eram igualmente atraentes para os participantes. E mais uma vez, os estudantes que preferiram ficar mais ocupados relataram ter uma experiência mais positiva.

Esses resultados sugeriram aos pesquisadores que as pessoas geralmente preferem manter-se ocupadas, apesar de elas pensarem que elas deveriam preferir ficar desocupadas. Então, quando a escolha do doce era a mesma em ambos os locais de entrega, os participantes acharam mais difícil justificar a escolha da localização mais distante. Mas quando a escolha dos doces diferia entre os dois locais, eles podiam usar os doces como uma justificativa para a caminhada mais longa, o que de certa forma poderia desafiar o senso comum.

Em uma outra variação desse experimento em que os pesquisadores atribuíram aleatoriamente aos participantes um dos dois locais para entregar o questionário, as pessoas que caminharam a distância mais longa também se sentiram mais felizes depois, mesmo que, neste caso, fossem obrigadas a fazer isso.

Então, se se manter ocupado nos faz sentir bem, por que os participantes inicialmente escolheram a opção mais ociosa?

Os pesquisadores especulam que a resposta pode estar em nossa história evolutiva. Nossos antepassados tiveram que economizar energia para competir por recursos escassos. Esse desejo de conservar a energia persistiu, mesmo que as pessoas não precisem mais dedicar sua energia às necessidades básicas de sobrevivência. Assim, um excesso de energia se acumula, mas ainda assim não queremos gastar energia sem propósito.

“Nós não queremos dizer que queremos desperdiçar nossa energia com o objetivo de apenas desperdiçar energia” diz Christopher Hsee, autor principal do estudo e professor da escola de negócios da Universidade de Chicago, “embora nós provavelmente fossemos nos sentir melhor se fizéssemos isso”.

Isso não significa que uma vida de estresse e ocupação excessiva seja boa para você – e sim exatamente o contrário, como demonstram pesquisas anteriores. Ou seja, ficar excessivamente ocupado não é bom, mas ficar equilibradamente ocupado é melhor do que ficar ocioso.