Quer ser visto como um líder? Vá para a academia!

Esqueça inteligência ou sabedoria. Um físico musculoso pode ser um atributo mais importante quando se trata de julgar o potencial de liderança de uma pessoa.

Tome Arnold Schwarzenegger, cuja popularidade no passado foi resultado de sua habilidade física como fisiculturista do Sr. Universo. Nas eleições de 2003, o imponente Schwarzenegger derrotou facilmente o governador da Califórnia, Gray Davis.

Coincidência? Talvez. Mas agora também há evidências reais de que a força física é importante. É o que demonstrou uma série de experimentos conduzidos por Cameron Anderson, professor de administração na Haas School of Business da UC Berkeley, e Aaron Lukaszewski, professor assistente na Oklahoma State University, equipararam a força física com status e qualidades de liderança no artigo “The role of physical formidability in human social status allocation” (O papel da força física na atribuição do status social humano), publicado no Journal of Personality and Social Psychology.

Os experimentos primeiro mediram a força de vários homens usando um dinamômetro hidráulico portátil que mede a força do peito e do braço em quilogramas ou libras. Depois de ser avaliado em força, cada homem foi fotografado a partir dos joelhos em uma camiseta branca para revelar seus músculos do ombro, tórax e braço. Desta forma, os pesquisadores foram capazes de controlar as reações à altura e ao traje, e não à força.

Depois, grupos de homens e mulheres – cerca de 50 de cada sexo – viram fotografias dos diferentes homens na tela de um computador. Antes de os participantes verem as fotos, disseram-lhes que classificariam as pessoas que haviam sido recentemente contratadas por uma nova empresa de consultoria. Os participantes foram convidados a avalia-los em relação a quanto eles o admiravam, o estimavam e acreditavam que subiriam em status. Também foram feitas perguntas como: “Você acha que essa pessoa seria um bom líder?” e “Quão eficaz é essa pessoa lidando com outras pessoas em um grupo?”

Segundo Anderson, “os homens fisicamente fortes nas fotos receberam um status mais elevado porque são percebidos como líderes e essas descobertas são consistentes com muitos exemplos reais de homens fortes em posições de poder.”

Mas, como os pesquisadores sabiam que os participantes não estavam simplesmente igualando força com atratividade física, característica que também é conhecida como um preditor de alto status social? Os pesquisadores distinguiram entre os dois, pedindo aos participantes que também avaliassem as fotos sobre “atratividade física geral”.

Em outro experimento, para testar ainda mais seus resultados, os pesquisadores usaram o Photoshop para mudar os corpos dos sujeitos fortes e fracos. Por exemplo, a cabeça de um homem fraco foi colocada no corpo de um homem forte e vice-versa. O resultado: os participantes classificaram com status mais altos e qualidades de liderança os homens fracos editados para ficar com corpos mais fortes.

O experimento final enfocou o fator altura. Usando o Photoshop novamente, os pesquisadores fotografaram os homens em três escalações diferentes. Da direita para a esquerda: 1) dois homens altos e dois homens baixos; 2) dois homens baixos e dois homens altos; e 3) quatro homens de igual altura. Ao todo, cada sujeito foi manipulado de modo que ele parecia baixo, alto e de igual altura aos outros homens da formação. As respostas dos participantes indicaram que homens de estatura mais alta eram percebidos como mais fortes, e assim como nos outros experimentos, os sujeitos mais fortes foram classificados melhor em liderança e status.

Os pesquisadores dizem que suas descobertas também dissipam a explicação popular de que os fortes são bem-sucedidos ao intimidar agressivamente seus rivais até a submissão.

“Os homens fortes que foram considerados como tendo um comportamento agressivo em relação a outros membros do grupo receberam menos status do que seus colegas aparentemente mais gentis”, diz o Prof. Lukaszewski. “Juntos, os resultados sugerem que a concessão de status a homens fortes, talvez contra intuitivamente, serve uma função fundamentalmente pró-social de aumentar a eficácia da cooperação dentro do grupo”.

Este fenômeno aparentemente se aplica apenas aos homens. Houve pouco efeito na percepção dos participantes sobre as habilidades de liderança ao avaliarem mulheres fisicamente fortes versus mulheres fracas.

Então, homens menores, mais baixos ou menos fortes precisam trabalhar mais para obter status? Não necessariamente. “A força percebida dá às pessoas uma vantagem, mas não é decisivo”, diz o professor Anderson. “Se você se comporta de maneiras que demonstram que você é um líder, a força não importa.”